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Sexta-Feira, 3 de Maio de 2024




Inclusão

Setor produtivo tem o desafio de oferecer um plano de carreira para pessoas com deficiência

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Quem afirma é a jornalista Flavia Cintra, a primeira repórter de televisão cadeirante no Brasil, em palestra no IncluTech, evento realizado pela Fiesc

Setor produtivo tem o desafio de oferecer um plano de carreira  para pessoas com deficiência
Foto: Fotos: Fabrício Almeida
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 Além de oportunizar acesso ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência, o setor produtivo tem o desafio de oferecer um plano de carreira. Quem afirma isto é a jornalista Flavia Cintra, a primeira repórter de televisão cadeirante no Brasil. Ela participou nesta quinta-feira (18) do IncluTech, evento realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) que reuniu especialistas e lideranças para debater inclusão no mercado de trabalho. 

A jornalista destacou que o trabalho é um meio de realizar sonhos e pessoas com deficiência estão cada vez mais qualificadas. “Temos universidades entregando para o mercado centenas de profissionais todos os anos. Mas cadê o protagonismo destas pessoas? Está na hora de fazer parte da mesa de decisão, é aí que vira a chave”, salientou Flavia, afirmando ainda que, sem as pessoas com deficiência na tomada de decisão, pessoas sem deficiência continuarão decidindo o que consideram ser melhor para as pessoas com deficiência.

“Quando a gente está fazendo junto, a gente acelera esse movimento e ele se reverte em lucro financeiro, institucional, em felicidade, que é o ativo mais buscado pelas empresas hoje. Equipes mas felizes, com qualidade de vida, entregam mais, são mais criativas e resolutivas e essa diversidade de pensamento é fundamental neste processo”, assegurou a jornalista.

Inclusão no mercado de trabalho

Incluir as pessoas com deficiência é uma questão legal, humana e ética, frisou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. “Mas é também uma oportunidade para as organizações pois, cada vez mais, a diversidade é percebida como um diferencial na solução de temas críticos que as empresas e a sociedade enfrentam”, disse.

Por isso, o acesso ao mercado de trabalho é uma agenda central para a indústria. “O trabalho gera dignidade. Assim, além de criar as condições para que as pessoas com deficiência possam trabalhar, é necessário garantir que possam desenvolver suas competências e seu potencial”, lembrou Aguiar.

Indústria é o setor que mais contrata pessoas com deficiência em SC

Painelista em evento, Luciana de Carvalho, auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego, afirmou que o estado de Santa Catarina se destaca no país. Luciana destacou que o índice de cumprimento da cota de contratação de pessoas com deficiência está em 75,5% na indústria catarinense, ante 60% dos demais setores.

De acordo com a auditora, Santa Catarina é o sexto estado brasileiro no número de cotas. Atualmente, existem 30,6 mil pessoas com deficiência empregadas no estado. Este número já foi de apenas 13 mil. 

Nove em cada 10 pessoas com deficiência empregadas em Santa Catarina trabalham em empresas com mais de 100 pessoas, que precisam cumprir o sistema de cotas de contratação destes trabalhadores. No estado, existem 2,3 mil empresas que precisam contratar por cotas.

Preconceito e Capacitismo

O presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 12º Região, desembargador Amarildo Carlos de Lima, outro painelista, disse que incluir pessoas com deficiência em espaços diversos é preciso e desafiador, mas não é uma tarefa fácil. “Nós crescemos em uma sociedade preconceituosa com relação às pessoas com deficiência. É muito difícil se libertar destes preconceitos”, comentou.

Lima lembrou da lei que estabelece os percentuais de cotas para contratação de pessoas com deficiência (8213/91), e disse que o TRT cumpre com a aplicação desta lei, com a justiça social e com a igualdade de oportunidades.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conede), Paulo Suldóvski, criticou o capacitismo, que é a discriminação da pessoa com deficiência por considerá-la inferior ou incapaz. “O capacitismo é um problema para a sociedade”, definiu.

Suldóvski disse que todas as pessoas são “capacitistas por natureza”, mas a boa notícia é que este mal está em “desconstrução”. Ele disse que muitas vezes a pessoa com deficiência é desestimulada ao longo da vida. “Você não consegue, você não faz, você não dá conta, e a gente acaba perdendo muitas oportunidades”, lamentou, acrescentando que a pessoa com deficiência “merece estar onde quiser.”

Inclusão

O procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 12ª Região, Piero Menegazzi, disse que a temática da inclusão, proposta pelo Inclu_Tech, “é importante porque mobiliza muitas pessoas no Brasil”. No país, cerca de 10% da população têm algum tipo de deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Menegazzi defendeu a união “de esforços entre poderes públicos, empregadores e pessoas com deficiência” como caminho para um mercado mais inclusivo. Ele disse que é importante que empresas que contratam pessoas com deficiência também estejam qualificadas, para melhorar o dia a dia. 

Parceria

O presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), desembargador Francisco José Rodrigues de Oliveira Neto, disse que a inclusão de pessoas com deficiência em espaços diversos remete aos direitos de igualdade e liberdade. “Nós precisamos mais do que declarar direitos. Nós precisamos tornar estes direitos concretos.”

Oliveira Neto lembrou da parceria entre TJSC e FIESC no Programa Novos Caminhos, que atende crianças e adolescentes de 221 serviços de acolhimento de Santa Catarina. E anunciou a abertura de “diálogo dentro do Judiciário para firmar uma parceria também na inclusão de pessoas com deficiência”.

Luta

Integrante  do painel “Os vários mundos da inclusão”, Alice Kuerten convidou que todos lutem por pessoas “diferentes”. “Não deixemos de lutar por pessoas que não são iguais a nós, são só diferentes”, disse.

A presidente do IGK lamentou que, apesar da luta, ainda se enfrente problemas como a falta de acessibilidade em muitos ambientes. “Mesmo com legislação, a gente não tem acessibilidade em todos os lugares”. Para ela, a dificuldade de pensar no outro é a fonte de muitos problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência. 

Cid Torquato, CEO da ICOM Libras, plataforma que trabalha com intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras), defendeu o uso de tecnologias e acessibilidade para um mundo mais inclusivo. 

Experiência no Metaverso

O evento promovido pela Fiesc ofereceu uma experiência imersiva no metaverso. Trata-se de uma reprodução virtual de ambiente real no qual é possível acessar conteúdos sobre o tema inclusão, interagir com outros participantes e “circular” por três pavilhões. 


Exemplos -  As empresas General Motors, Grupo Empresarial Jorge Zanatta (Canguru e Imbralit), Intelbras e Aurora Coop apresentaram seus programas de inclusão. 


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